Entrevista ao Jornal Regional de Lousada
Quatro atletas da região, de Paços de Ferreira e Penafiel, integram os convocados das selecções nacionais de seniores e juniores que vão representar Portugal no Campeonato do Mundo de Matraquilhos. A competição decorre de 12 a 16 de Abril, em Hamburgo, na Alemanha.
Márcio Ferreira, Mário Silva e Miguel Moreira já não são novos nestas andanças, tendo conquistado já vários títulos e participado noutros campeonatos internacionais. Já o jovem Fábio Carneiro vai representar o país pela primeira vez.
Juntos têm algo em comum: a paixão por esta modalidade que começa a ganhar reconhecimento no país.
PORTUGUÊS COM MAIS TÍTULOS É DE PAÇOS DE FERREIRA
Sabia que jogar matraquilhos é um desporto com direito a campeonatos e títulos? Pois é, e há atletas na região a dar cartas a nível nacional e internacional.
Márcio Ferreira tem 29 anos e compete há mais de 15, os últimos 10 a nível “profissional”, através da Federação Portuguesa de Matraquilhos. O jovem de Paços de Ferreira integra a mais antiga equipa a nível nacional da modalidade e é o atleta português com mais títulos: 10 no Campeonato Distrital do Porto; 10 na Taça de Portugal; 10 no Euro Tour; 9 no Campeonato Nacional; 4 na Super Taça de Portugal; 4 no campeonato internacional Pro Tour ITSF e 1 na Champions League.
Os títulos conquistados mantêm-no à frente dos dois rankings da federação nacional. “No ranking Histórico assumi o 1.º lugar há cerca de 7 anos e nunca mais sai dessa posição, tendo neste momento mais de 5.000 pontos que o 2.º classificado. No ranking geral de época (que apenas existe há duas temporadas) fiquei em 1.º nas duas épocas”, conta o atleta.
Esta é a sétima internacionalização de Márcio Ferreira, que já participou em seis campeonatos do mundo.
Este ano, diz que vai com “a máxima vontade e ambição para tentar trazer uma boa classificação” que orgulhe o país. “Tendo consciência que as mesas de jogo utilizadas nestas provas são bem distintas das utilizadas em Portugal, acredito que nós portugueses nos adaptamos fácil às adversidades e vamos representar condignamente as cores do nosso Portugal”, acrescenta.
Colega de equipa de Márcio Ferreira, o penafidelense Mário Silva, de 40 anos, compete desde 2008. Também já conquistou três campeonatos por equipas, duas Taças de Portugal e duas Supertaças, entre outros títulos nacionais. É o segundo no ranking nacional da modalidade e já representou as cores nacionais por três vezes. “Vou jogar somente na vertente de duplas no Championship. O objectivo é passar a fase de qualificação. Depois disso…tudo pode acontecer”, diz o atleta sobre as expectativas para este campeonato.
EXISTE AMBIÇÃO DE TRAZER MEDALHAS
A competir há cinco épocas, Miguel Moreira, de 20 anos, chegou à modalidade pela influência do irmão. O bichinho ficou e hoje o pacense é vice-campeão mundial de juniores, campeão do Eurotour equipas 2016, vencedor do Pro Tour 2015, vice-campeão nacional de seniores individual 2015, vice-campeão nacional de mistos 2016, vice-campeão de individual do Eurotour 2016 e bi-campeão nacional de associações, entre outros.
Esta é a terceira internacionalização do jovem, a primeira como sénior. “Mesmo sabendo que nos outros países a cultura do desporto é outra, que existem mais apoios e condições de treino, eu acredito muito nos portugueses. Já conseguimos trazer medalhas, por isso, é porque é possível”, diz, afirmando que vai com expectativas de conseguir mais um pódio.
O mais novo nestas andanças é Fábio Carneiro. Tem 16 anos e foi convocado para a selecção nacional de juniores. Foi vice-campeão nacional de juniores em 2016 e é o terceiro classificado do ranking do seu escalão. Em Hamburgo promete dar o melhor “e tentar trazer um título para Portugal”.
PAIXÃO JUSTIFICA HORAS DE TREINO E GASTOS PARA PODER JOGAR
São atletas e como quaisquer atletas todas as semanas dedicam várias horas de treino à modalidade. “Na altura que fui vice-campeão do mundo de juniores tinha mais tempo livre e treinava 8 horas por dia antes das provas. Agora, como trabalho, não há tanto tempo, mas sempre que existe uma vaga é ocupada com treino ou com vídeos a ver outros jogadores a jogar”, dá como exemplo Miguel Moreira.
Levam a competição muito a sério, apesar de os matraquilhos ainda serem encarados por muitos como uma brincadeira.
“Infelizmente em Portugal não se valoriza tanto esta modalidade como no resto do mundo. No nosso país, para quem não conhece os matraquilhos, a imagem que têm da modalidade é que não passa de um ‘jogo de café’ e de festas populares. Contudo, desde a criação da Federação Portuguesa de Matraquilhos (que tem feito um trabalho magnifico) esta imagem tem vindo a sofrer uma grande alteração e atualmente os matraquilhos já são vistos como uma modalidade desportiva e não um ‘passatempo’”, garante Márcio Ferreira.
“Eu costumo dizer que os matraquilhos são uma das minhas paixões. Abdico de muitas coisas a nível pessoal para conseguir participar em todas as provas. Tenho gastos que qualquer outra pessoa nem pensaria em suportar e dedico grande parte do meu dia-a-dia a tentar melhorar como atleta”, refere o pacense.
“Normalmente as pessoas vêm como brincadeira até verem a logística de um campeonato nacional ou internacional, onde há centenas de atletas e muita competição”, explica Mário Silva. “Corremos o país e o mundo, muitas vezes com custos elevados. Mas é a modalidade que gosto e isso vale os sacrifícios”, afirma o penafidelense.
“Lá fora é um desporto a sério onde existem apoios e tudo para que tudo seja feito da melhor maneira. Aqui em Portugal é muito associados ao jogo de café para passar tempo. Só quem vai assistir uma prova e vê o que esta modalidade envolve é que tem a verdadeira noção do que é a realidade dos matraquilhos, que envolvem técnica, destreza física, inteligência e treino, entre muitas outras coisas”, acrescenta Miguel Moreira. “Este é o meu desporto. Prefiro jogar matraquilhos a jogar PlayStation ou futebol e aplico-me a 100%”, acrescenta.
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